domingo, 17 de dezembro de 2006

Os tormentos voluntários

Concordo com Sartre quando ele diz que estamos condenados à liberdade. Realmente nossos atos, pensamentos e desejos nos guiam pela nossa vida. Isto é, nossa atitude mental traça o nosso destino. "Somos responsáveis por nossas escolhas"... O mesmo ocorre com a inveja. Essa comparação desfavorável de uma pessoa em relação à outra é extremamente nociva! Pois o invejoso desperdiça tanto tempo priorizando a vida alheia, que não percebe as suas próprias qualidades. E o pior, ignora as oportunidades que Deus lhe apresenta. Vive apenas lamentando sua infelicidade em não ser como o invejado.
Este tipo de padrão mental atrai energias - e espíritos - de níveis inferiores. Esta vibração atrapalha e atrasa a vida do indivíduo. E como uma bola de neve, cada vez mais, ele se sente inferior em relação ao seu próximo.
Lembrei de um trecho de uma música do Lulu Santos: "quero mais nada que me desespere só o que me reconforte, alimente, me alimente e reconforte, aí... quero mais nada de que não precise de ressentimento, inveja já chega, inveja e ressentimento, aí... "
Cabe a nós, diante de nosso livre arbítrio, escolhermos o nosso destino... Viver em função do que vemos no outro ou valorizar as nossas qualidades?


"OS TORMENTOS VOLUNTÁRIOS
O homem está incessantemente em busca da felicidade que lhe escapa sem cessar porque a felicidade sem mescla não existe na Terra. Entretanto, malgrado as vicissitudes que formam o cortejo inevitável desta vida, poderia pelo menos gozar de uma felicidade relativa, mas ele a procura nas coisas perecíveis e sujeitas às mesmas vicissitudes, quer dizer, nos prazeres materiais, ao invés de a procurar nos prazeres da alma, que são um antegozo dos prazeres celestes, imperecíveis; em lugar de procurar a paz do coração, única felicidade real deste mundo, é ávido de tudo aquilo que pode agitá-lo e perturbá-lo; e, coisa singular, parece criar propositadamente tormentos que não cabe senão a ele evitar.
Haverá maiores tormentos que aqueles causados pela inveja e o ciúme? Para o invejoso e o ciumento não há repouso; estão perpetuamente em febre; o que eles não têm e o que os outros possuem lhes causam insônia; os sucessos dos seus rivais lhes dão vertigem; sua emulação não se exerce senão para eclipsar seus vizinhos; toda a sua alegria está em excitar nos insensatos como eles a cólera do ciúme de que estão possuídos. Pobres insensatos, com efeito, que não sonham que talvez amanhã lhes será preciso deixar todas essas futilidades cuja cobiça envenena sua vida! Não é a eles que se aplicam estas palavras: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”, porque seus cuidados não são daqueles que têm compensação no céu.
De quantos tormentos, ao contrário, se poupa aquele que sabe se contentar com o que tem, que vê sem inveja o que não tem, que não procura parecer mais do que é. Ele está sempre rico porque, se olha abaixo de si, em lugar de olhar acima, verá sempre pessoas que têm menos ainda; é calmo, porque não cria para si necessidades quiméricas, e a calma no meio das tempestades da vida, não será felicidade?" (Fénelon, Lyon, 1860). O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo V, item 23.

2 comentários:

JEustáquio disse...

Olá menina!
Talvez o Homem não tenha aprendido o uso correto das Leis Divinas e apesar de buscar a Liberdade não sabe usar o grande presente que Deus nos concedeu, ou seja, o Livre Arbítrio.

Seja Feliz!

Cris Marques disse...

JEustáquio, agradeço sua visita. Volte outras vezes...

Concordo com suas palavras e tenho ciência de que isto ocorre em razão de estar em um mundo de provas e expiações, portanto em fase de evolução... Temos que ter paciência e perdoarmos.

Fique com Deus!