sábado, 30 de maio de 2009

Mortes prematuras


Diante de tanta polêmica, mesmo passado quase um mês do ocorrido, me pareceu apropriado abordar este tema...

Trata-se de um acidente de trânsito, ocorrido no dia 7 de maio, aqui em Curitiba, que envolveu um motorista alcoolizado, e ocasionou o falecimento de dois jovens. Estou falando do acontecimento que resultou nas trágicas mortes de Gilmar Rafael Souza Yared e Carlos Murilo de Almeida e que marcará para sempre a vida do ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho.

Não cabe a este espaço discutir as questões legais do ocorrido, muito menos atribuir juízo de valor à conduta do sobrevivente. O que me leva a mencionar esta triste história, são os questionamentos que surgem quando nos deparamos com situações semelhantes a esta. Se são jovens que partem para o outro plano de forma inesperada, questionamos os desígnios de Deus... No momento em que nos deparamos com uma grande perda, o sofrimento dificulta a compreensão. Mas certo é que Deus, por ser justo, coloca em nosso caminho os percalços que são necessários à evolução espiritual. O Evangelho Segundo o Espiritismo trata do assunto em seu Capítulo V - Bem-Aventurados os Aflitos, como segue:

"Perda de pessoas amadas. Mortes prematuras

21. Quando a morte ceifa nas vossas famílias, arrebatando, sem restrições, os mais moços antes dos velhos, costumais dizer: Deus não é justo, pois sacrifica um que está forte e tem grande futuro e conserva os que já viveram longos anos cheios de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os que para nada mais servem; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que era toda a sua alegria.

Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa? Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos advêm, nelas encontraríeis sempre a razão divina, razão regeneradora, e os vossos miseráveis interesses se tornariam de tão secundária consideração, que os atiraríeis para o último plano.

Crede-me, a morte é preferível, numa encarnação de vinte anos, a esses vergonhosos desregramentos que pungem famílias respeitáveis, dilaceram corações de mães e fazem que antes do tempo embranqueçam os cabelos dos pais. Freqüentemente, a morte prematura é um grande benefício que Deus concede àquele que se vai e que assim se preserva das misérias da vida, ou das seduções que talvez lhe acarretassem a perda. Não é vítima da fatalidade aquele que morre na flor dos anos; é que Deus julga não convir que ele permaneça por mais tempo na Terra.

É uma horrenda desgraça, dizeis, ver cortado o fio de uma vida tão prenhe de esperanças! De que esperanças falais? Das da Terra, onde o liberto houvera podido brilhar, abrir caminho e enriquecer? Sempre essa visão estreita, incapaz de elevar-se acima da matéria. Sabeis qual teria sido a sorte dessa vida, ao vosso parecer tão cheia de esperanças? Quem vos diz que ela não seria saturada de amarguras? Desdenhais então das esperanças da vida futura, ao ponto de lhe preferirdes as da vida efêmera que arrastais na Terra? Supondes então que mais vale uma posição elevada entre os homens, do que entre os Espíritos bem-aventurados?

Em vez de vos queixardes, regozijai-vos quando praz a Deus retirar deste vale de misérias um de seus filhos. Não será egoístico desejardes que ele aí continuasse para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe naquele que carece de fé e que vê na morte uma separação eterna. Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo. Mães, sabei que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, a lembrança que deles guardais os transporta de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a vontade de Deus.

Vós, que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações do vosso coração a chamar esses entes bem-amados e, se pedirdes a Deus que os abençoe, em vós sentireis fortes consolações, dessas que secam as lágrimas; sentireis aspirações grandiosas que vos mostrarão o porvir que o soberano Senhor prometeu. - Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. (1863.)"

O Evagelho Segundo o Espiritismo - Capítulo V


Peço a Deus luz no caminho dos desencarnados e paz no coração dos familiares.
Fiquem todos com Deus!

domingo, 3 de maio de 2009

Os tormentos voluntários



Os tormentos voluntários, a diversas escolhas que erroneamente realizamos em nossas vidas. Mais uma vez volto a este tema, devido a um acontecimento que passo a relatar.

Tenho uma amiga que possuia uma vida estruturada. Independente finaceiramente, com um bom emprego público, um apartamento próprio, um carro quitado, muitos amigos, festas, viagens e liberdade para fazer o que bem entendesse. Mas para ela, a vida não aparentava ser tão boa assim. Desta forma, vivia constantemente manisfestando sua insastifação, tanto com os bens materiais, como com a vida profissional. Entendo que todos nós temos o direito de almejar o crescimento. Afinal, nada cai do céu e devemos batalhar e muito para conseguir um lugar ao sol.

Nesta busca, esta minha amiga resolveu que precisava de mais tempo e paz no intuito de estudar para um concurso muito visado. Assim, buscando a tal tranquilidade, pediu transferência para uma cidadezinha do interior e foi embora de mala e cuia. Durante este processo de mudança, diversas vezes a adverti quanto às dificuldades que surgiriam e confesso que tentei demovê-la desta idéia. Mas nada surtiu efeito. Só me coube deseja-la sorte e sucesso nesta empreitada.

Como havia previsto, as dificuldades apareceram... A falta de estrutura da cidade, a distância da família e dos amigos, a adaptação a uma nova rotina de trabalho e etc. E em poucos meses depois, ela confessou o arrependimento da escolha que fez. Tentei encorajá-la dizendo que nada que acontece em nossas vidas ocorre por acaso e se ela está lá, algum aprendizado deverá tirar desta vivência.

Refletindo sobre a angústia da minha amiga, cheguei ao tema dos tormentos voluntários. Quantas vezes nos encontramos em situações desconfortáveis que nós mesmos escolhemos? Afinal, sempre somos responsáveis por nossas escolhas. Pode ser a mudança de cidade, a escolha de um companheiro, a compra de algum bem, ou outra escolha qualquer que realizamos, dentre as infinitas opções que temos ao nosso redor. Sim, somos e muito responsáveis pelo nosso destino. Pois como a doutrina mesmo diz, "tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus". Livro dos Espíritos, 664 .

Que de tormentos, ao contrário, se poupa aquele que sabe contentar-se com o que tem, que nota sem inveja o que não possui, que não procura parecer mais do que é. Esse é sempre rico, porquanto, se olha para baixo de si e não para, cima, vê sempre criaturas que têm menos do que ele. E calmo, porque não cria para si necessidades quiméricas. E não será uma felicidade a calma, em meio das tempestades da vida? - Fénelon. (Lyon, 1860).

Fiquem todos com Deus!